O Batatão

O Batatão é uma das assombrações mais conhecidas, mas não é uma tradição exclusiva do município. É muito comum encontrar essa mesma narrativa em todas as regiões do Brasil.Em outros lugares também pode ser chamado de Boitatá, Baitatá, Bitatá, Fogo-fátuo, Fogo Corredor e até mesmo de Fogo da Comadre com o do Compadre.
Trata-se de uma bola de fogo que afugenta as pessoas, perseguindo os desavisados durante a noite ou simplesmente vagando errante com sua luz brilhante.
O Batatão aparece nas matas e nos manguezais, especialmente nos lugares mais úmidos, e quem vê sua luz na noite pode ficar cego ou enlouquecer. Muitas pessoas afirmam que o fenômeno é apenas uma alma penada, pagando seus pecados, como ocorre em Portugal e é chamado de alminhas.
Quando o Batatão é visto em dobro, vagando ou girando pelos ares, é chamado de o Fogo da Comadre com o do Compadre. Esse fenômeno é reconhecidamente de beleza impar, mesmo sendo absolutamente estranho em sua cor rubra e esmeralda extremamente brilhante.
A denominação é geralmente confundida com batata grande pelos que não conhecem a narrativa. A palavra Batatão é de origem tupi, a partir da expressão mbaê-tata, que significa coisa de fogo, ou mboa-tata, que significa cobra de fogo.
O padre José de Anchieta, ainda no século 16, descreveu esse fenômeno com o nome de mbaê-tatá. Dizia ser assombração em forma de um facho de luz que aparecia junto ao mar e aos rios, e que era bastante temida pelos índios (CASCUDO, p. 130, 2000).
Entre as muitas lendas indígenas, existe a de um monstro em forma de cobra que sobreviveu a um grande dilúvio enterrado em um buraco. Esse monstro chama-se Boitatá e mora nas profundezas dos rios, onde acostumou-se a enxergar no escuro e, por isto, seus olhos cresceram. Durante o dia ele é quase cego, mas durante a noite vê quase tudo e sai para se alimentar de restos de animais.
Há quem diga que são dos olhos dos animais de que ele se alimenta a fonte de sua luminosidade. Entretanto, nem sempre o Batatão é visto como mau, pois se torna uma espécie de protetor das matas contra os estranhos e incendiários.
Diversas culturas no mundo tentaram explicar o fenômeno dessas bolas de fogo criando mitos e lendas. O mesmo Batatão aparece também em outros países como a França, Alemanha, Portugal e Inglaterra, onde recebe outros nomes como lanterna, alminhas e farol.
Essa assombração pode ser explicada pela produção natural de gás metano devido a as condições favoráveis de fermentação de matéria orgânica no manguezal. Em condições especiais de pressão e temperatura, o metano pode sair do solo e se misturar com o oxigênio do ar.
Dependendo da concentração, o metano pode se inflamar espontaneamente, sem necessidade de uma faísca, causando uma combustão natural em forma de uma chama azulada de curta duração e gerando um pequeno ruído, que causa a impressão de um fenômeno sobrenatural. Se um indivíduo estiver próximo e correr, o deslocamento do ar levar a chama junto.
O Batatão está muito ligado aos fenômenos sobrenaturais ou extraterrestres. Sua aparição é muito confundida com aparições de discos voadores ou visões de fenômenos sobrenaturais.
Há também a possibilidade do Batatão ser uma concentração de bactérias fosforescentes que absorvem a luz durante o dia e a liberam durante a noite como parte do seu ciclo biológico. Muito embora seja reconhecido como uma entidade sobrenatural, as evidências científicas comprovam a existência do Batatão como um fenômeno comum em áreas pantanosas.

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